Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

 

A região do Alto Madeira, rica em árvores produtoras de látex e a importância da borracha no mercado internacional despertam o interesse do coronel Church, que idealiza a construção de uma estrada de ferro margeando os rios Madeira e Mamoré e consegue o aval da República da Bolívia e a concessão do governo do Brasil para construir a ferrovia.

Em 1871 o coronel Church constitui a empresa The Madeira and Mamoré Railway Company Ltd.

Church vai à Inglaterra para conseguir empréstimo em um banco, também com o aval do governo boliviano. Com o financiamento aprovado, contrata a empresa construtora Public Works. No dia 6 de julho de 1872 chegam à cachoeira de Santo Antônio os primeiros trabalhadores para iniciarem a obra de construção da ferrovia Madeira-Mamoré.

Ao longo de sete anos (1872-1879), o coronel Church lutou para construir a estrada de ferro; nesse período, quatro empresas assinaram contratos, porém só duas trabalharam na obra. A quarta empresa, a construtora P. & T. Collins, foi à falência e centenas de pessoas ficaram abandonadas em Santo Antônio; algumas desceram os rios Madeira e Amazonas e buscaram escapar do sofrimento em Belém, mas lá passaram a viver precariamente e, o que é pior, doentes.

Com a assinatura do Tratado de Petrópolis, pelos governos brasileiro e boliviano, em 17 de novembro de 1903, o Brasil se compromete a construir uma ferrovia margeando os rios Madeira e Mamoré, no trecho encachoeirado. Para construí-la o governo do Brasil realiza uma licitação em 1905.

A construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré teve um novo início em 1907 e foi concluída em 1912. No ponto inicial da ferrovia surgiu a cidade de Porto Velho e, no final, a cidade de Guajará-Mirim.

Para essa obra veio um contingente heterogêneo de pessoas procedentes de diversas nacionalidades.

A construção da ferrovia ficou marcada pelos sofrimentos dos operários com doenças tropicais e mortes.

Logo após terminada a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, devido à formação de seringais no continente asiático, principalmente na Malásia, plantados com mudas de seringueiras originárias e contrabandeadas do Brasil, ocorre a desvalorização do preço do látex no mercado internacional.

Com essa queda comercial, a região é novamente abandonada e a empresa Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que, a partir de 1912, executava os transportes de produtos e passageiros (entre Porto Velho e Guajará-Mirim), foi à falência, teve seu contrato rescindido e passou a ser administrada por um interventor do governo brasileiro, pois, afinal, era ela que mantinha o abastecimento da região do Alto Madeira.

Apesar do fracasso comercial, a ferrovia foi, pelo fato de haver originado as cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim, o marco de início do desenvolvimento da bacia do rio Madeira, e, assim, contribuiu para o povoamento de uma região deserta, inóspita e doentia.

Na primeira metade do século XX, no meio da floresta Amazônica, na margem direita dos rios Madeira e Mamoré, trafegavam os trens maria-fumaça, transportando gente, borracha e mercadorias.

 

 

Minissérie, a “Mad Maria”,

 

No início de 2005 a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi tema de uma minissérie, a “Mad Maria”, produzida com base em um livro de romance, apresentada pela Rede Globo de televisão. Assim, milhões de pessoas, em todo o território nacional, conheceram parte da história dessa região da Amazônia.

 

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