Período Colonial

 

A exploração do espaço hoje denominado Estado de Rondônia foi iniciada por aventureiros no século XVI. Em 1542, o espanhol Nuflo Chaves e seu companheiro Álvaro Nuñes Cabeza de Vaca subiram os rios Amazonas, Madeira e Guaporé com destino ao Paraguai.

A bacia Amazônia, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia à Coroa Espanhola, porém, no período da União Ibérica (1580-1640), os luso-brasileiros, penetrando pelos rios, iniciaram o povoamento do seu espaço.

A conquista dos territórios da Amazônia, pelos portugueses, teve início com a fundação do Forte do Presépio, núcleo que deu origem à cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, em 1616, hoje Belém, capital do Estado do Pará.

Em 1621 o governo da União Ibérica (Espanha e Portugal) criou a Capitania do Maranhão e Grão-Pará e Belém tornou-se base para repelir as investidas estrangeiras, principalmente de holandeses e franceses, que colocavam em risco o acesso às minas de prata espanholas da região do Peru.

A expedição de Pedro Teixeira, que partiu de Belém em1637, ao subir o rio Amazonas, fez as primeiras demarcações portuguesas da bacia Amazônica, chegou até o Peru e conseguiu criar um caminho alternativo para alcançar essa região espanhola rica em minérios. Belém transforma-se em passagem obrigatória para todo o interior da Amazônia e porta de entrada para a região peruana. Conquistava-se a planície amazônica que seria mais tarde ocupada e explorada pelos apresadores de índios e droguistas do sertão.

A Amazônia portuguesa, pela Carta Régia de 1693, foi dividida em áreas de atuação catequética das diversas ordens e congregações religiosas católicas.

Aos jesuítas coube a catequese do distrito sul do rio Amazonas, incluindo os vales do Madeira, Mamoré e Guaporé, até os limites com a vizinha colônia espanhola do Vice-Reinado do Peru, que abrangia terras do Peru, Equador e Bolívia.

Em 1647, Antônio Raposo Tavares, bandeirante, partiu de São Paulo em direção ao oeste e chegou ao vale do Madeira três anos mais tarde (1650), percorrendo os rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Amazonas em busca de índios e riquezas minerais. Sua bandeira, conhecida como Grande Bandeira de Limites, é um marco da presença portuguesa na região.

A instalação de núcleos de povoamento coloniais iniciou-se com o estabelecimento de missões religiosas para a catequese e pacificação de nativos.

Em 1669 os jesuítas fundaram a missão de Tupinambarana, na foz do rio Madeira, origem da cidade de Parintins (cidade do Estado do Amazonas). Em 1683 o padre Jódoco Peres navegou o rio Madeira com o objetivo de inspecionar os aldeamentos indígenas. No entanto, por causa das dificuldades para a evangelização,

os jesuítas permaneceram arraigados em sua foz por muito tempo. Em 1687, temendo a invasão holandesa, o governador da Capitania do Grão-Pará, Gomes Ferreira de Andrade, solicitou aos jesuítas a fundação de missões no percurso do rio Madeira. Por volta de 1714, esses missionários já se encontravam nos limites territoriais de Rondônia.

Apostando na possibilidade de encontrar ouro, prata e objetivando ampliar seus limites, a Coroa Portuguesa solicitou a João Maia Gama, governador da Capitania do Grão-Pará e Maranhão, o reconhecimento minucioso do rio Madeira. Para tanto, em 1722, organizou uma expedição que partiu de Belém no ano seguinte. Foi confiado o levantamento do rio ao sargento-mor Francisco de Mello Palheta, que deveria, também, pôr fim à possibilidade de invasões espanholas na região. A expedição de Palheta chegou até as missões de São Miguel e Santa Cruz de Cajubava, já em território pertencente à Espanha.

Por volta de 1728, o padre jesuíta João Sampayo funda a aldeia de Santo An-tônio, na primeira cachoeira do Madeira (cachoeira de Santo Antônio), no sentido rio acima. Essa foi a primeira povoação à margem direita do Madeira, dentro da área do atual Estado de Rondônia.

No início da segunda metade do século XVIII, Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) ministro do rei Dom José, resolveu expulsar os jesuítas e confiscou seus bens. Em 1757 extinguiu a escravidão indígena e algumas aldeias, sob forma de vila, passaram à administração da Coroa Portuguesa.

 

 

Ciclo do Ouro no Período Colonial

 

Na década de 1730, bandeirantes paulistas à captura de índios descobrem ouro nos altos afluentes do rio Guaporé e, em 1744, Antônio de Almeida Moraes e Tristão da Cunha Gago, descobrem minas auríferas no rio Corumbiara, já em território atualmente rondoniense.

As descobertas de ouro despertam interesses pela posse da terra. Por isso, a Coroa Portuguesa funda, em 1748, a Capitania de Mato Grosso e o governador Antônio Rolim de Moura Tavares executa uma intensa política de povoamento ao longo dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira até a localidade de Santo Antônio.

A partir da cachoeira de Santo Antônio, o trecho conhecido como Baixo Madeira pertencia à Capitania do Grão-Pará e Maranhão; enquanto o Alto Madeira estava sob o domínio da Capitania de Mato Grosso.

Logo depois de fundada a Capitania de Mato Grosso foi assinado, em 1750, entre Portugal e Espanha o Tratado Madri.

 

Após a fundação da capital da Capitania de Mato Grosso (1752), foi posto fim às proibições da navegação pela via Guaporé-Mamoré-Madeira-Amazonas, que haviam sido determinadas em 1733 e 1737. Com a fundação da Capitania, era necessário povoar a região e, também, abastecê-los com mercadorias, ferramentas e escravos. Para tanto, o ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, em 1755, cria a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, com monopólio para o abastecimento desses vales. Essa empresa promoveu a instalação de entrepostos mercantis de apoio ao longo do rio Madeira.

Antônio Rolim de Moura Tavares, governador da Capitania de Mato Grosso (1751 a 1764), preocupado com os desvios de ouro das minas do vale do Guaporé, solicita a Teotônio da Silva Gusmão, juiz de fora da Capitania, em 1758, a fundação de uma feitoria na segunda cachoeira do Madeira, rio acima. A localidade foi denominada de Nossa Senhora da Boa Viagem do Salto Grande, hoje, cachoeira de Teotônio. Luiz Pinto de Sousa Coutinho, terceiro governador de Mato Grosso, funda, mais tarde, a feitoria de Balsemão, na cachoeira do Girau.

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