Primeiro Ciclo da Borracha

 

Uma localidade em meio à selva, Santo Antônio do Rio Madeira volta a se desenvolver com o início da exploração do látex (borracha).

O látex, explorado intensamente a partir da segunda metade do século XIX, atraiu, no período de 1877 a 1912, contingentes de trabalhadores principalmente nordestinos, na maioria, cearenses, que subiram os rios Amazonas, Madeira e seus afluentes Mamoré, Guaporé e Machado ou Ji-Paraná à procura de trabalho nos seringais, situados às suas margens. Nessa época, iniciam a formação de diversos povoados, alguns deles, hoje, importantes cidades de Rondônia: Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Jaru, Pimenta Bueno e Guajará-Mirim.

Motivado pela importância da borracha no mercado internacional o coronel Church idealiza a construção de uma estrada de ferro margeando os rios Madeira e Mamoré. Em 6 de julho de 1872 chegam à cachoeira de Santo Antônio os primeiros trabalhadores para iniciar a construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Essa obra trouxe para a região de Santo Antônio um contingente heterogêneo de pessoas procedentes de diversas nacionalidades.

No primeiro ciclo, a mão de obra para a extração do látex no alto e médio Madeira pode ser classificada em três frentes de produção: os mamelucos e os nativos, que eram conhecedores da região e já comercializavam as drogas do sertão; os bolivianos que galgaram os rios Beni e Mamoré, chegando ao Madeira, na cachoeira de Santo Antônio, onde construíram um barracão da empresa Suares & Ermanos (casa aviadora); e os retirantes nordestinos que, fugindo da seca, migravam para a Amazônia à procura de trabalho nos seringais. É bom lembrar que muitos indígenas foram escravizados por seringueiros.

O trabalho dos seringueiros era realizado através de um sistema de aviamento e o regime de trabalho baseava-se no endividamento reiterado, colocando-os nas mãos dos proprietários-comerciantes: os gêneros alimentícios, ferramentas, munições e roupas eram comprados no fiado no barracão dos seringalistas, que sempre estabeleciam preços muito acima da realidade. Assim, no final do mês, os trabalhadores sempre deviam mais do que recebiam. Portanto, os seringueiros geralmente eram pobres, viviam sempre endividados e os seringalistas (dominantes de áreas) faziam imensas fortunas, como verificamos ainda hoje em Manaus e Belém, pelas obras grandiosas que testemunham a opulência da época.

A decadência do Primeiro Ciclo da Borracha tem início na segunda década do século XX. A alta rentabilidade do látex atraiu a atenção de contrabandistas estrangeiros. Em 1876, a Inglaterra já dispunha de duas mil e setecentas mudas de Hevea brasiliensis, que foram plantadas nas suas colônias no sudeste asiático, iniciando a uma produção que arruinou a economia amazônica.

 

A partir de 1912, em razão da elevada produção de látex no Oriente (Malásia), ocorre a decadência da produção brasileira, gerada pela desvalorização da borracha no mercado internacional. Esses acontecimentos põem fim ao Primeiro Ciclo da Borracha. Porém, a produção continuou em escala reduzidíssima.

O mais importante saldo do Primeiro Ciclo da Borracha para o hoje Estado de Rondônia foi o início da formação de alguns povoados e a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

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